RAÍZES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM MOVIMENTO: (RE) EXISTIR EM TEMPOS DE RETROCESSO
O XI EDEA – Encontros e Diálogos em Educação Ambiental é gestado em um tempo de crise e desesperança quanto ao futuro da própria Educação. Nós, do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande, temos o desafio de pensar um encontro que seja espaço de diálogo, de aproximação, de construção de esperanças. O X EDEA, realizado em 2018, foi construído em torno da questão de “Como ser um coletivo em tempos de retrocesso? ”. Ao preparar a edição de 2019, compreendemos que os desafios dos coletivos se ampliam na mesma medida em que a EA gradativamente desaparece da estrutura do Estado e é esvaziada nas Políticas Públicas da Educação.
Como estudantes do único Programa de Pós Graduação em Educação Ambiental do país, entendemos ser necessário reconhecer o nosso papel como resistência, enquanto estudantes que compreendem o contexto histórico em que estamos inseridos. Iniciamos nossas discussões a partir da pergunta: Afinal, quem tem medo da Educação Ambiental? Realizar essa pergunta parece mais urgente do que nunca, pois as respostas podem passar a demarcar os rumos a serem tomados. Com quem realmente precisamos dialogar? Onde estão os laços que podem ter sido rompidos nos últimos anos e que precisam ser reestabelecidos? Quem são nossos interlocutores? Quais nossas próprias definições? A que reduzimos a EA? Quais avanços e retrocessos podemos inventariar?
Tais questionamentos nos movem no sentido de fortalecer e ampliar os diálogos entre a comunidade acadêmica e com os outros segmentos da sociedade. Desejamos construir desse encontro, bases críticas que contribuam para a compreensão e possível superação do atual cenário que, não só deseja calar a EA, mas que nenhum compromisso possui com o regime democrático de direito de forma geral.
Como educadores ambientais, ao voltar nossas reflexões sobre as bases – teóricas e práticas – em nossas vivências, nos voltamos, também, às bases culturais, compostas por diferentes grupos sociais. Onde a Educação Ambiental desenvolveu suas raízes? Em tempos onde a crise ambiental globalizada não parece motivo suficiente para que grandes esforços sejam realizados para repensarmos nossa relação com a natureza, temos que repensar as estratégias de vida dessa grande árvore da Educação Ambiental. Com o que temos nutrido nossas raízes? O que compõe atualmente o solo brasileiro? E o solo do mundo?
Uma raiz bem nutrida é uma estratégia importante na vida de uma planta, fornece sustentação, alimento e uma rede de comunicação com as plantas e seres vizinhos – algo de suma importância em sua ecologia. É preciso conhecer para fortalecer! E é fortalecendo que podemos também nos pôr em movimento. Rumo a uma maneira de melhor nos integrar ao ambiente em nosso entorno, entendendo suas limitações e potências para melhor aproveitar o solo em que pisamos, a comunidade da qual fazemos parte, o planeta em que vivemos. Convidamos a todos aqueles que, como nós, tem se constituído como pesquisadores e/ou educadores ambientais, para agregar nesse movimento, ancorando forças para nutrir nossas esperanças comuns no XI EDEA: “Raízes da Educação Ambiental em movimento: (re)existir em tempos de retrocesso”.