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IX Encontros e Diálogos com a Educação Ambiental - EDEA



Primeiramente? (...) Respira. Num antigo conto do argentino Jorge Luis Borges ele encontra um outro. Sentado num banco defronte a um rio, esses dois sujeitos conversam até descobrir o que parecia impossível, ambos são a mesma pessoa. É Borges que encontra a si numa outra temporalidade, com um outro sentir, uma outra constituição dele próprio. E se a vida é a arte do encontro, embora exista tanto desencontro nessa vida, não seria o EDEA essa forma/espaço de encontrar o outro? De encontrar os outros? Outros olhares, outras culturas, outras saberes, outras formas de sentir o mundo? E também não seria o EDEA uma forma de encontrar a si dentro desses três dias que, sem dúvida, ecoarão para além desse espaço chamado FURG, fazendo disso uma forma de resistência?


E o que seria resistir nesse espaço acadêmico que faz a gente dançar entre a delícia e a desgraça de ser o que se é: estudante, professor, ativista social, artista... enfim, qualquer um que busque exercer um papel social capaz de projetar um mundo que, sem medo de soar clichê em tempos tão difíceis como esses, seja melhor.


Internacionalizar é preciso? Então que façamos isso, todos nós, juntos, de modo a “sulear” o mundo... Que possamos resistir à importação de saberes – ou imposição – como se nós aqui, nesse misto de mar e pampa, não estivéssemos produzindo conhecimento, trocando ideias, buscando outros saberes e colaborando, assim, para àquilo que convencionou-se a ser chamado de “Ciência”. E aqui, no EDEA, esses saberes partem não só da academia, mas sim de um mundo plural, nos possibilitando perceber, por exemplo, que um índio não descerá de uma estrela colorida e brilhante, como diz o poeta. Ele já desceu. Ele está. A sua cultura está aqui, e o que vamos fazer? Como vamos criar estruturas das mais diversas que não só reconheçam esse conhecimento, mas que possibilite a permanência dessas mulheres e homens que se deslocaram até este espaço, que nesse movimento coletivo intentamos tornar lugar, e fazer pertencer. Assim, em cada fala, em cada som de tambor, que possamos, enfim, nos unir todos numa só comunidade de sentimento. E se resistir é o verbo, como não encontrar ele em cada fala que esses três dias contemplaram? A visibilidade da mulher educadora ambiental em suas lutas diárias por reconhecimento em um campo científico atroz; os movimentos sociais que atuam na busca por uma solidariedade que muitas vezes nos escapa; os coletivos que nos ensinam a pensar no plural; as oficinas que repensam o modo de olhar o mundo; as mulheres e homens que insistem com todas as suas forças em nos mostrar que sim, um outro mundo é possível. Mais uma vez, resistir. Resistir e o verbo desse evento. Mas o que vem depois do verbo? Vem o ACREDITAR! Vem a esperança, que é esse ato de fé que precisa se manifestar mesmo em tempos de tanta descrença. Ter esperança, não é um ato de pura espera. É o AGIR.


O EDEA é um espaço de ação, que se consolida com a reflexão, com a crítica, que nunca é vazia mas investida de solidariedade, comprometimento, diálogos que buscam acima de tudo o reconhecimento de uma alteridade capaz de encontrar nas diferenças e igualdades o seu caráter democrático desse campo chamado Educação Ambiental.


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